Casa Batlló ("casa dos ossos"): Barcelona, Espanha, 1906, por Antoni Gaudí
CASA BATLLÓ ("HOUSE OF BONES"): BARCELONA, SPAIN, 1906, BY ANTONI GAUDÍ
Casa Batlló ("maison des os"): Barcelone, Espagne, 1906, par Antoni Gaudí
Continuando a série sobre iluminação de fachadas, esta imagem mostra a Casa Batlló ressaltando aos olhos em relação aos prédios vizinhos. Ela é constituída de dois edifícios que possuem uma ligação de forma
cilíndrica, com térreo, andar principal, quatro andares e mansarda. Sua fachada, recoberta com “trencadís” (técnica tradicional na
região que consiste em revestir uma superficie com pedaços
coloridos de cerâmica que teriam sido desperdiçados) cria uma ondulação suave e um efeito
cromático excepcional, sendo um perfeito suporte para a mansarda curvilínea,
ascendente e descendente, com textura semelhante a escamas de peixe. O grande espaço interno é como uma outra
fachada, quase como uma outra casa. Possui um revestimento cerâmico que varia
do azul ao branco, o que contribui ainda mais para o efeito marinho do
edifício. Na entrada e na sala de jantar do piso principal e no térreo
observa-se que o arquiteto fugiu totalmente das
linhas retas. Todo esse conjunto, incluindo as formas esculturais dos móveis,
formam um ambiente relaxante, quase mágico.
Para saber um pouco mais sobre a vida e a obra de Gaudí e sobre o movimento Art Noveau da história da arquitetura:
Para saber um pouco mais sobre a vida e a obra de Gaudí e sobre o movimento Art Noveau da história da arquitetura:
Antoni Gaudí nasceu em Reus (Tarragona),
povoado do interior da região da Catalunha, Espanha, em 1852. Estudou na
Escola Provincial de Arquitetura de Barcelona, entre 1873 e 1878. Na universidade, colecionava gravuras greco-romanas, latinas e bizantinas,
obcecado que era pela cultura mediterrânea e oriental. Gaudí era um leitor
assíduo de Viollet le Duc, pelo qual foi profundamente influenciado. Le Duc
afirmava que as “formas da Natureza são
belas, desde um carvalho até um inseto. A forma indica claramente para que fim
foi produzido. A máquina é a expressão exata da função que desenvolve”. É
deste ponto que parte o pensamento e os estudos de Gaudí, refletidos em sua
arquitetura.
Ainda
estudante, trabalhou em um escritório de arquitetura, no projeto de uma das
obras mais importantes que estavam sendo realizadas em Barcelona: o Parc de la
Ciutadella.
Seus
primeiros projetos como arquiteto independente foram: revérberos (lâminas
metálicas que aumentam a intensidade da luz, concentrando-a em certa área) para
a Plaza Real e a iluminação para a Muralla de Mar, ambos em Barcelona, e a
Cooperativa Operária Mataronense, em Mataró.
Em
1883, Gaudí recebeu a tarefa de continuar a obra do Templo Expiatório da
Sagrada Família, que já havia passado por dois arquitetos. Dedicou-se
simultaneamente ao projeto e à construção dessa obra até o fim de sua vida. O templo está até hoje em construção, sendo o trabalho mais conhecido de Gaudí e
cartão-postal de Barcelona.
Sua
vida profissional pode ser dividida em duas etapas. No início da carreira,
Gaudí esforçou-se para encontrar um estilo próprio, nacionalista, buscando
influência em diversas culturas e estilos: arquitetura mulçumana (Casa Vicens e
Villa El Capricho); arte gótica (Palau Güell, Convento Teresiano, Palácio
Episcopal de Astorga e Casa Fernandez Andrés); arte barroca (Casa Calvet, Torre
Bellesguard). Interpretava tais estilos de uma forma pessoal, sempre tendo como
base o estudo da natureza como fonte
inesgotável de inspiração.
Na
segunda etapa Gaudí abandona estilos históricos e adquire formas livres,
universais. As obras mais importantes desse período são: o Parque Güell, a Casa
Batló, a Casa Milá, as Escolas da Sagrada Família e a Cripta da Colônia Güell,
além do inacabado e monumental Templo da Sagrada Família, que sintetiza todo o
trajeto arquitetônico gaudiano.
Mas antes de
estudarmos a obra de Gaudí é importante entendermos o contexto artístico e
social em que ela se desenvolveu. Na
Europa, o fim do século XIX caracteriza-se pelo ecletismo artístico, ou seja,
uma mistura de estilos. Coexistiam o Movimento de Artes e Ofícios, os
Pré-Rafaelitas, o Simbolismo, o Pós-Impressionismo, o Pontilismo, o
Divisionismo, os Nabis, etc.
A arquitetura, em particular, entra em crise
ao não apresentar novas soluções técnicas e estilísticas, baseando-se na
repetição de movimentos artísticos (neo-classicismo e neo-romantismo).
Esse
momento de indefinição se desfaz com o surgimento do movimento chamado Art Noveau, que abrange a última década
do século XIX e as primeiras do século XX. Neste período, buscava-se inspiração
nas formas da natureza, utilizando linhas sinuosas, formas ondulantes e
assimetria. O estilo abrangia principalmente a ornamentação de portas,
janelas, móveis, paredes e objetos.
Na
Catalunha, onde a burguesia estava em plena expansão e procurando
diferenciar-se do resto da Espanha, surge um movimento correspondente ao Art
Noveau, porém com uma expressão mais regionalista. Buscavam uma arquitetura
nacional, valorizando os materiais e costumes locais, tendo como base motivos
florais.
A
obra de Gaudí segue uma trajetória de certa forma isolada, pois sua obra,
apesar de estar no contexto do Art Noveau, possui características especiais,
absolutamente pessoais e muitas vezes difíceis de definir. Seu estilo é mais
robusto, estrutural e tridimensional que o característico do Art Noveau.
Gaudí
empregava materiais de sua região, como o azulejo, o tijolo e a pedra, herdados
de tradições árabes e romanas presentes na Catalunha. Foi quem primeiro
utilizou o cimento armado na Espanha. O ferro e posteriormente o aço permitiram
o uso de novas formas. Fez estudos para utilizar barras metálicas na construção
dos elementos da Sagrada Família, o que hoje está sendo feito, com a
continuação das obras em concreto armado.
Gaudí
pesquisou as origens e o sentido da estética, e chegou à conclusão que as
formas encontradas na natureza expressam suas necessidades funcionais. Passou
então a estudar as formas estruturais mais perfeitas conhecidas, até descobrir o parabolóide hiperbólico, que seriam mais tarde empregados nos pavilhões de entrada
do Parque Güell.
Referências bibliográficas:
Referências bibliográficas:
GÜELL, Xavier. Antoni Gaudí. São
Paulo, Martins Fontes, 1994 (trad. Eduardo Brandão).
REYNOLDS, Donald. A Arte do
Século XIX. São Paulo, Círculo do Livro (trad. Álvaro Cabral).
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